Antes de lançar hit do verão de 2019, cantor liderou grupos de forró eletrônico e fez parcerias com Safadão e Cristiano Araújo. Relembre carreira do artista, que morreu em queda de avião.
Por Caroline Prado, G1
Gabriel Diniz se apresenta no réveillon do Lovina, em Cabedelo — Foto: Divulgação/Lovina Beach Club
Musa do verão brasileiro em 2019, "Jenifer" foi o ponto mais alto de uma carreira que só prosperou para Gabriel Diniz, cantor morto nesta segunda-feira (27) na queda de um avião em Sergipe. Ele tinha 28 anos.
Mas, antes do auge, GD, como era chamado pelos fãs, já fazia sucesso à frente de grupos de forró eletrônico e embalando com seu forrónejo bem-humorado os paredões - festas de rua com equipamentos potentes de som - do Nordeste. Parceiros como Wesley Safadão e Cristiano Araújo ajudaram na trajetória até o reconhecimento nacional.
Entenda, nas 8 músicas abaixo, o sucesso de Gabriel Diniz.
‘Jenifer’
Fenômeno nacional, a tal garota do Tinder que “faz umas paradas”colocou Gabriel no topo da lista de músicas mais ouvidas do Spotify no Brasil, em janeiro, pela primeira vez. A consagração veio no carnaval: “Jenifer” foi hit absoluto nas caixas de som e nas fantasias.
Criação de oito compositores, a música caiu primeiro nas mãos de Gusttavo Lima, que desistiu de gravar. Gabriel Diniz assumiu a tarefa mesmo com a desconfiança da própria equipe.
"Ninguém achou que ia ser esse sucesso. Nem o pessoal do meu escritório, nem meu empresário. O Wesley [Safadão, um dos sócios do escritório do cantor] não acreditou, ninguém acreditou. Foi uma aposta minha, sozinho mesmo", contou, em entrevista ao G1.
‘Safadezinha’
Essa veio logo depois de “Jenifer”. Na tentativa de igualar o sucesso, Gabriel repetiu algumas cartadas: a levada de forronejo, referências de brega, bateria eletrônica e vocal bem-humorado.
‘Só quem amou’
Antes do sucesso solo, Gabriel foi vocalista da banda Cavaleiros do Forró, uma das mais conhecidas do forró eletrônico, entre 2010 e 2011. Uma das músicas que ficaram conhecidas em sua voz foi “Só quem amou”.
'O show terminou'
Gabriel também esteve à frente da banda Forró na Farra. Nesse forró dançante, o cantor mostra a vocação para embalar os chamados paredões - festas de rua com equipamento potente de som, comuns no Nordeste.
'Amor de copo'
Gabriel lançou em janeiro 2015 o dueto bem-humorado com Cristiano Araújo, que morreu em junho do mesmo ano, após um acidente de carro em Goiás.
'Quem chorava hoje ri'
Gabriel e Wesley Safadão eram amigos e parceiros de escritório. Os dois também já se uniram várias vezes na música. Uma das parcerias mais conhecidas é "Quem chorava hoje ri", lançada por Safadão em 2017 no DVD "WS em casa".
'Acabou acabou'
Mais uma parceria com Safadão, dessa vez lançada por Gabriel - seu primeiro sucesso a tomar proporções nacionais. No YouTube, o clipe tem mais de 66 milhões de visualizações.
'Paraquedas'
Outra parceria bem-sucedida. A versão mais conhecida da música,
lançada em 2017, tem participação de Jorge e Mateus.
Avião que caiu com o cantor Gabriel Diniz só poderia fazer voos de treinamento; aeronave não tinha autorização para táxi aéreo
Fabricado em 1974 e com capacidade para quatro pessoas, o Piper PA 28-180 está cadastrado como "Privada - Instrução" na Agência Nacional de Aviação Civil. Aeronáutica irá apurar causas do acidente.
Avião que caiu com Gabriel Diniz
Foto: Iata Anderson Brandão Alves/Arquivo pessoal
A aeronave Piper Cherokee PT-KLO, que caiu nesta segunda-feira (27) em Sergipe com o cantor Gabriel Diniz, só poderia fazer fazer voos de treinamento ou de instrução. Isso significa que o avião não poderia fazer, por exemplo, voos privados ou táxi aéreo. A atividade de transporte em avião não autorizado a fazê-lo é conhecida como "táxi aéreo clandestino".
Gabriel Diniz e mais duas pessoas morreram na queda. Diniz é intérprete da música "Jenifer", grande hit do último verão.
O avião pertence ao Aeroclube de Alagoas; duas das vítimas eram pilotos e diretores do aeroclube. Segundo um dos diretores do aeroclube, a aeronave não era utilizada para táxi aéreo ou frete, apenas para instruções. Um dos pilotos a bordo era muito amigo do cantor Gabriel Diniz, e foi passar o fim de semana com ele em Salvador. Na volta, o piloto ofereceu uma carona para o cantor, disse o diretor. Não está claro ainda se a carona é permitida.
A aeronave havia deixado Salvador rumo a Maceió, e sobrevoava um povoado em Estância, no estado de Sergipe, quando se acidentou. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião estava em situação regular.
Fabricado em 1974 e com capacidade para quatro pessoas, o Piper PA 28-180 está cadastrado como "Privada - Instrução" na Anac, categoria na qual estão aviões usados para "instrução, adestramento de voo por aeroclubes, clubes ou escolas de aviação civil", segundo o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil.
O avião pertence ao Aeroclube de Alagoas e aparece como situação "penhorada" nos registros da Anac --quando há decisão judicial ou ordem determinando arresto da aeronave. Mas isso não impede o voo, segundo a Anac.
Avião que caiu com Gabriel Diniz — Foto: Iata Anderson Brandão Alves/Arquivo pessoal
Constatado o voo em táxi aéreo clandestino, "o piloto e o operador da aeronave poderão ser multados e cassados", segundo a Anac. A agência encaminha ainda denúncia ao Ministério Público e à polícia para que sejam tomadas medidas no âmbito criminal.
Ainda de acordo com a Anac, a operação irregular de táxi aéreo é uma infração ao Código Brasileiro de Aeronáutica e pode configurar crime, conforme previsto no Artigo nº 261 do Código Penal, pois coloca em risco vidas de pessoas a bordo e em solo. Se houver acidente com vítimas, os infratores (piloto e operador da aeronave) podem responder por homicídio.
A Aeronáutica irá investigar as causas do acidente. Em nota, o órgão informou que "investigadores do Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA II), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), realizarão a ação inicial da ocorrência envolvendo a aeronave de matrícula PT-KLO, ocorrido nesta segunda-feira (27/5), em Estância (SE)".
A ação inicial é "o começo do processo de investigação e possui o objetivo de coletar dados: fotografar cenas, retirar partes da aeronave para análise, reunir documentos e ouvir relatos de pessoas que possam ter observado a sequência de eventos", ainda de acordo com a nota. A investigação do Cenipa tem o objetivo de prevenir que novos acidentes com as mesmas características ocorram.
Não há prazo para as investigações terminarem.
Dados do Registro Aeronáutico Brasileiro que mostram que o avião onde estava Gabriel Diniz não poderia fazer táxi aéreo — Foto: Reprodução
Mapa mostra local da queda de avião — Foto: Arte G1/Roberta Jaworski