O negacionismo das rádios ‘evangélicas’ para agradar a Bolsonaro
O ex-senador Arolde de Oliveira, que morreu de covid, era proprietário de rádio evangélica
Credit...Foto: Rádio Planetário
Qualquer observador das rádios evangélicas, algumas entre aspas, já notou o quanto de política se faz ali, em favor do presidente Bolsonaro, entre uma ou outra leitura do livro de Salmos. Inegável que as igrejas evangélicas vivem um tempo de bonança com o presidente atual, com perdão de dívidas públicas etc, etc.
Agora, se esse servilismo interfere na saúde da coletividade, é preciso prestar mais atenção.
Na manhã deste domingo (16), como faz todo fim de semana, o “comentarista” Anderson Baltar, na rádio 93 FM, emissora do ex-senador Arolde de Oliveira, que morreu de covid, vomitou uma série de mentiras para demover seus ouvintes da decisão de vacinar seus filhos. Disse o “comentarista”, criminosamente, que a vacina da Pfizer ainda “está em desenvolvimento” (associando a experimento), que o Reino Unido não vai vacinar suas crianças por conta dos efeitos colaterais graves, e que a vacina causa taquicardia nas crianças - o que a própria "Pfizer já teria alertado". E mais: que tem gente interessada em levar vantagem com a compra das vacinas.
Todo o “pensamento” de Bolsonaro replicado.
E tudo mentira! É só pesquisar com boa vontade.
Efeitos colaterais, todo medicamento tem, mas os mais graves da vacina infantil contra covid são ínfimos. Nenhuma criança morreu, por exemplo, no mundo (!) por causa da vacina.
Houvesse na Procuradoria Geral da República um comando menos pelego da Presidência que alguns autodenominados bispos e apóstolos, o que não é o caso, alguém já teria tomado providência, afinal, rádio é concessão de Estado, não de governo, e há que se ter RESPONSABILIDADE na hora de informar aos ouvintes.
(PS. No final do “comentário”, o Sr. Baltar ainda teve a cara de pau de alertar seus ouvintes: “prestem atenção em quem vocês vão votar nas eleições”. Pauta para o TSE.)
