Esquema milionário: mais de 300 toneladas de sabão em pó falsificado foram apreendidos. Investigação aponta envolvimento de 16 empresas em vários estados brasileiros
Foto: Wagner Morente
Com os preços de vários produtos 'custando' o olho da cara, não é de se estranhar que tenha quadrilha falsificando produtos que tenha boa aceitação na praça, além tipo de A Polícia Civil de Minas Gerais revelou um esquema de falsificação de sabão em pó envolvendo 16 empresas e um lucro superior a R$ 3 milhões por mês. As companhias atuavam na distribuição e venda do produto em diferentes tipos de estabelecimentos, tais como supermercados, atacarejos e centros de distribuição.
De acordo com o delegado Wesley Costa, só nesta fase foram apreendidos 85 toneladas do produto, em Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. No mês passado, outras 230 toneladas de sabão falsificado foram confiscadas pela polícia. O órgão contou com a colaboração dos setores de qualidade e jurídico do fabricante do produto verdadeiro e os nomes das empresas envolvidas na fraude não foram revelados.
A Polícia Civil chegou até os envolvidos após serem encontradas anotações em um galpão onde era realizada a falsificação. A partir deste conteúdo, foi possível verificar os fornecedores e identificar a cadeia de distribuição e venda final do produto.
Segundo o órgão, eram envasadas cerca de 37,5 mil caixas por dia, considerando embalagens de 800 gramas. As investigações apontam ainda que a quadrilha lucrava cerca de R$ 3 milhões por mês com a comercialização do produto falsificado.
Com apoio da Polícia Civil do Espírito Santo, foram apreendidas cerca de 25 toneladas do material em duas redes de supermercados de Minas Gerais que atuam lá. Segundo o delegado, o objetivo é encontrar os responsáveis por todas as empresas envolvidas no esquema do sabão em pó.
A polícia também quer identificar os núcleos responsáveis pelas criações de empresas fantasmas, notas fiscais frias e lavagens de capitais dentro das organizações criminosas.
A ação é um desdobramento da Operação “Lavagem Imperfeita”, que investiga a organização criminosa responsável pela fabricação do sabão falsificado em Divinópolis, Nova Serrana e São Gonçalo do Pará. Até a publicação desta matéria, a polícia não havia divulgado os nomes dos supermercados envolvidos.
Como identificar sabão em pó falsificado
Apenas nas últimas semanas, 23 mil caixas de sabão em pó falsificado da marca OMO foram retiradas do mercado pela Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon) em Vitória, Vila Velha e Cariacica (ES).
“Começou em Minas Gerais onde descobriu-se a falsificação em alguns estabelecimentos comerciais. O avançar das investigações indicaram que duas redes de supermercados com filiais no Espírito Santo estavam comercializando este produto falso”, apontou o delegado.
Na caixa original, no local onde indica o lote, a anotação no produto falsificado é feita diretamente na caixa e com baixa qualidade de impressão. Já na caixa original, a marcação é feita a laser e com pequenas ranhuras detectadas no toque.
Outro ponto é que na caixa falsa, a lacração é feita com cola quente. “Se o consumidor passar a unha [nos números de lote da caixa falsificada], pode até notar que é liso e os números podem até sair. Já no original vai acontecer algumas ranhuras, por ser feita via impressão a laser. A caixa falsificada é colada com cola quente, enquanto que a caixa original é lacrado com duas fitas. Por ser fechado de forma errada, ao balançar o produto falso é possível perceber que o produto até vaza”, esclareceu Eduardo Passamani.
Em nota, a Unilever, proprietária da marca Omo, disse que acompanha o caso de perto, o andamento das investigações e colaborar com a polícia para que o golpe à empresa e ao consumidor não volte a se repetir. A multinacional aponta dicas para que os compradores suspeitem de possíveis falsificações. Confira:
— A qualidade do fechamento do cartucho;— A cor, brilho e impressão das embalagens;— A impressão da data de fabricação, validade e lote que são feitas a laser;— Cor, textura, perfume e qualidade do produto.
