O viciado, seja em qual tipo de droga, é sempre colocado de lado pela família, posto que para essas famílias, o viciado é uma 'mancha' no nome e no seio da família. Assim, raramente alguém expõe esse grave problema social, principalmente pelo lado amoroso, da ternura, do carinho...E assim fez o internauta Welligton Andrade Queiroz em sua página do Facebook ao contar, em duas partes, sua história de convívio com sua mãe, que era viciada em droga.
Abaixo, a primeira parte do relato:
"VI A DROGA DESMANCHAR MINHA FAMÍLIA"
Minha mãe sempre me aconselhou a não usar, mas era viciada ...
Pensando agora, percebo que fui criado num mundo muito estranho. No centro desse mundo estava minha mãe, que era solteira, viciada em cocaína e — pelo menos para mim — a melhor mãe do mundo.
Todo dia, tinha um momento onde ela me dizia “Volto num instante, meu lolozinho”, depois desaparecia em seu quarto com alguns amigos e trancava a porta. Como um garoto de oito anos, eu ficava parado na frente da porta trancada por muito tempo, tentando imaginar o que estava acontecendo do outro lado.
Levei anos para finalmente entender o que eles estavam fazendo lá. Por muito tempo, achei que os adultos tiravam algum tipo de soneca especial — eles emergiam daquele quarto tão calmos, relaxados e alegres. Eu sentia que estava perdendo alguma coisa, porque mesmo quando tinha uma boa noite de sono, eu ainda me sentia cansado. Eu queria ser um explorador quando crescesse, o que eu sabia que exigia muita energia.
Minha mãe tinha uma quantidade gigante de amor para dar, e a maioria desse amor vinha para mim. E eu amava ser o caçula da mamãe, mesmo sentido que ela estava se acabando. Algo que me destruía por dentro.
Recordo-me que em festas de final de ano ou churrasco com a família sempre tinha brigas e agressões, por isso, comecei muito cedo a beber. Aos 13 anos já saia à noite para beber com amigos, e aos 14 anos tive meu primeiro coma alcoólico, fui levado às pressas ao Pronto Socorro para tomar soro e me recuperar.
Minha mãe se tornou ausente na minha vida, e no desejo de me ajudar, me encaminhou para meu pai, porém, meu pai não gostava de mim como filho. E na primeira oportunidade ele jogou isso na minha cara! Caracas, se fosse um tapa doeria menos, pode acreditar nisso.
Sabe, enquanto muitos pediam riqueza, luxo, fama, eu sempre pedi a oportunidade de ter minha mãe novamente. Fazer coisas de mãe e filho, essas coisas. Para que no futuro eu possa falar para meus filhos — e guardar boas lembranças.
Continua, próximo post...
OBS. .. 1/2 É UM TEXTO REFORMULADO!"