Trabalhadores de um restaurante na cidade de Shenzhen, na China, cortam carne (06/09/2019). Foto: Athit Perawongmetha / Reuters
Pela primeira vez na China, cães e gatos foram excluídos de uma lista oficial que determina os animais comestíveis e que devem estar sujeitos à regulamentação. Agora, eles, cuja carne ainda é consumida por uma minoria da população chinesa, são classificados como animais de estimação, de acordo com um comunicado publicado nesta quarta-feira pelo Ministério da Agricultura.
"No que diz respeito aos cães, tanto o progresso da civilização humana como a preocupação pública, além do amor pela proteção dos animais, eles passaram a ser tratados de forma especial para se tornarem animais companheiros. Além disso, internacionalmente não são considerados animais para consumo, e não serão regulamentados como animais para consumo na China", afirmou o ministério.
A associação americana Human Society International (Sociedade Humana Internacional, em tradução livre) estima que 10 milhões de cães são mortos a cada ano na China por sua carne. Milhares são abatidos durante o festival de carne de cachorro de Yulin, no sul do país, em condições consideradas cruéis pelos defensores dos animais, pois são espancados até a morte e até cozidos vivos.
Vários açougueiros com cães sacrificados no mercado de Yulin (imagem de 2018) TYRONE SIU/REUTERS |
Essa decisão foi tomada após a proibição do comércio e consumo de animais selvagens em fevereiro. Acredita-se que o coronavírus tenha se originado em morcegos e pode ter sido transmitido aos seres humanos por espécies intermediárias à venda nos mercados da cidade de Wuhan, onde o vírus foi identificado pela primeira vez.
O consumo de cães se tornou cada vez mais impopular na China, e a cidade de Shenzhen, no sul, foi a primeira a proibi-lo no mês passado.
Aqueles que continuam comendo animais selvagens terão que pagar multas de pelo menos 150 mil yuanes (R$ 111.540), enquanto que aqueles que os vendem enfrentarão penalidades a partir de 100 mil yuanes (R$ 74.360).
"Não há evidências de que os animais selvagens sejam mais nutritivos do que as aves domésticas ou o gado. As espécies permitidas para consumo podem atender às necessidades diárias das pessoas", disse o vice-presidente Escritório de Segurança Alimentícia do Centro de Prevenção e Controle de Doenças de Shenzhen, Liu Jianping.
Com as contaminações por coronavírus na China, colocou-se em debate os hábitos alimentares dos habitantes do país, já que uma das suspeitas é que o vírus tenha relação com sopa de morcego, uma refeição típica de país.
O executivo afirmou que, desde o início da epidemia, o comércio e o consumo de animais selvagens têm representado um grande perigo oculto para a saúde pública, algo que tem atraído a atenção da sociedade. Além de Shenzhen, a cidade vizinha de Zhuhai e a província a que ambos pertencem, Cantão, também emitiram recentemente regulamentos sobre o assunto, seguindo a iniciativa das autoridades nacionais. (Uol Notícias)