21 de novembro de 2019

MAP TRANSFERIRÁ SEUS VOOS DO PARA E AMAZONAS PARA SÃO PAULO

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Entenda o negócio multimilionário envolvendo a MAP, que pode prejudicar os voos no interior do AM e PA


Um negócio de pelo menos uma centena de milhões de dólares, que caiu no colo dos donos da MAP Linhas Aéreas. Essa é a explicação para a atual crise da aviação no Amazonas, com suspensão de voos em várias cidades do interior. Há cerca de 45 dias, a empresa foi vendida à Passaredo, outra pequena operadora regional brasileira, que atua no interior de São Paulo. Isso depois que as duas dividiram com a Azul Linhas Aéreas os slots do aeroporto de Congonhas, na capital paulista. 

Slots são autorizações para pousos e decolagens naquele que é um dos mais movimentados terminais do país.

O negócio ainda está sendo avaliado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), mas foi uma oportunidade única para os antigos controladores da MAP. Ele começou a se desenhar quando a Avianca, quarta maior companhia aérea do país, entrou em concordata. Para tentar sair das dificuldades, tentou leiloar seus slots (autorizações de pouso) em Congonhas. A ANAC não permitiu, alegando que a empresa teria perdido o direito pelos sucessivos quebra de compromissos.

Como Gol, Latan e Azul disputavam intensamente estes slots, a ANAC decidiu aumentar a concorrência e incentivar a entrada de novas empresas. Foi aí que a MAP enxergou a oportunidade, candidatou-se a parte destas autorizações e acabou ficando com 12 slots dos 41 que a Avianca detinha em Congonhas. A Passaredo ficou com outros 14 e a Azul com o restante.

Pouco depois dessa distribuição, em agosto último, a MAP e a Passaredo passaram a negociar e acabaram fechando negócio. Os valores não foram revelados, mas certamente alcançaram as centenas de milhões de dólares. O problema é que o foco da empresa paulista, que acabou ficando com 26 slots em Congonhas, será obviamente o rentável mercado em torno do aeroporto da capital paulista, o que deve prejudicar a aviação no interior do Amazonas e do Pará.

Com a aquisição, a Passaredo passa a ter 11 aeronaves ATR 72-500, cinco já operadas da empresa com sede em Ribeirão Preto (SP) e seis da MAP. A empresa paulista já anunciou que três aviões da MAP serão remanejados da região Norte para operar em Congonhas e mais três novas aeronaves devem ser incorporadas até o final do ano, elevando a frota para 14.

Para piorar a situação no Amazonas, a Passaredo já dispensou metade dos funcionários da MAP e suspendeu boa parte das rotas para os municípios. Isso apesar da operação local não significar nenhuma superposição de malha aérea. O negócio pode ser ainda mais lucrativo para a empresa paulista se ela conseguir vender suas operações a alguma gigante brasileira, como a Gol linhas Aéreas, que vem batendo recordes de faturamento depois da falência da Avianca.

Vale ressaltar que o aeroporto de Congonhas é um dos mais importantes do Brasil para o mercado doméstico e crucial para uma operação na ponte-aérea Rio-São Paulo, considerada a joia da aviação brasileira.

A única que pediu slots e não ganhou foi a Two Flex, em razão, segundo a Anac, “das aeronaves operadas pela empresa”.

A própria Azul, que detinha 25% do mercado doméstico em junho e é a terceira maior companhia aérea brasileira, não operava na ponte Rio-São Paulo por considerar que os 26 pares de slots que tinha em Congonhas, antes da saída da Avianca, não eram suficientes para essa rota. A companhia aérea, que tinha a expectativa de conseguir mais slots para justamente começar uma operação rentável na ponte-aérea, divulgou nota afirmando que “a abertura do aeroporto da capital paulista a uma série de novos entrantes aumenta o número de empresas presentes em Congonhas mas não acirra a competição”.

“Operar slots em Congonhas com aeronaves menores e, consequentemente, com poucos assentos, representa um uso ineficiente desses valiosos recursos públicos, impedindo a entrada efetiva de qualquer novo concorrente na ponte aérea Congonhas-Rio e Congonhas-Brasília”, disse a Azul em comunicado.

Em entrevista à revista EXAME, a MAP Linhas Aéreas, que cresceu 6,5% no mercado doméstico em junho com a saída da Avianca (mas continuou tendo 0,1% do mercado), disse que já tinha “contratos de leasing de mais aeronaves prontos para aumentar nossa frota e começar a servir mais destinos na nossa região, como Acre e Maranhão”, segundo o presidente, Héctor Hamada.

A empresa operava no Amazonas, onde fica sua sede, e no Pará. “Mas ir para o Sul é uma grande oportunidade de dar um salto”, afirma Hamada. A MAP transportou 38.088 passageiros no primeiro semestre do ano, tendo 0,1% do mercado doméstico brasileiro e 14 destinos.

Já a Passaredo, que tem sede em Ribeirão Preto, transportou 115.464 passageiros entre janeiro e junho, com 0,3% de participação no mercado, segundo dados da ANAC.

A empresa também tem 14 destinos, e a maior parte de suas operações está no aeroporto Dr. Leite Lopes, em Ribeirão Preto, e no aeroporto Internacional de Guarulhos. A companhia tem parceria com Gol e Latam (o chamado code share) para que as duas companhias aéreas vendam passagens para destinos operados pela Passaredo.

A Passaredo saiu de uma recuperação judicial em 2017, e agora tem chance de crescer ainda mais, depois da aquisição da MAP.

Fonte: blog do Hiel Levy
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