30 de janeiro de 2018

ELEIÇÕES 2018 - COM LULA FORA, QUEM GANHA E QUEM PERDE!

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Com Lula quase fora, saiba quem se beneficia do vácuo deixado pelo petista

PT vai manter aparências por enquanto. Novo nome será escolhido lá na frente

PT insiste no ex-presidente, mas deve escolher outro nome depoisFoto: Sérgio Lima/Poder360 - 19.nov.2017


Exceto se houver uma reviravolta estrambótica e imprevisível, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não terá como chegar ao dia 7 de outubro como candidato do PT ao Palácio do Planalto. O TSE deve negar o registro para Lula por causa de sua condenação na Lava Jato.

O PT tem sustentado em público que Lula é candidato. É só aparência. O PT não tem opções. Luta pela vida. Tem de dizer até quando for possível que Lula está na disputa. A retórica manterá as coisas andando. Lá na frente, a sigla escolherá outro nome.

Num discurso na 5ª feira, o petista falou de maneira oblíqua sobre sua saída do páreo. Pediu aos militantes que façam campanha por ele “mesmo que aconteça algo indesejável”. E completou: “Espero que essa campanha não dependa do Lula”.

QUEM GANHA E QUEM PERDE

A história indica que poucos políticos conseguem transferir votos para 1 terceiro. Lula já teve êxito nesse tipo de empreitada. Elegeu Dilma Rousseff em 2010. Mas a economia naquele ano cresceu 7,5% e o petista era aprovado por mais de 80% dos brasileiros. A conjuntura agora é outra.

É cedo para saber o desfecho da corrida presidencial, embora os parâmetros atuais indiquem algumas pistas. Antes, vale a pena relembrar a pesquisa DataPoder360 de dezembro de 2017:


A seguir, o que é possível dizer da fotografia atual do cenário sucessório:

Lula e PT – perdem muito. As reações populares não se materializaram. As centrais de trabalhadores movidas a imposto sindical estarão banguelas em 2018. É improvável haver atos nas ruas com grandes massas pedindo a liberdade para Lula. Ícones do partido já foram presos, como José Genoino e José Dirceu. A impressão inicial era a de que haveria uma certa comoção. Mas nada significativo aconteceu nada.

Jair Bolsonaro – o senso comum propagado na mídia foi que o capitão reformado do Exército perde porque fica sem o seu antípoda (“sem Lula o discurso de Bolsonaro se esvazia”). O Poder360 discorda dessa avaliação. Até porque Lula estará se apresentando como candidato ainda por muitos meses.

O fato é que deputado e possível candidato a presidente pelo minúsculo PSL continua sendo o único a surfar na onda conservadora que assola o país. Isso não significa que será o vencedor, mas neste momento pouco muda para Bolsonaro –que tem inúmeras reuniões marcadas em fevereiro e março com grandes empresários que não enxergam (pelo menos ainda) viabilidade no tucano Geraldo Alckmin.

Marina Silva – a ex-senadora não deve ser desprezada. Seu perfil humilde e de representante dos menos favorecidos a qualifica para herdar parte dos votos de Lula. Ela já foi candidata a presidente duas vezes (2010 e 2014) e teve perto de 20% dos votos. Se ampliar seu arco de alianças tem muito a ganhar com a saída de Lula. Mas Marina Silva tem 1 temperamento peculiar e não conseguiu romper algumas barreiras nas disputas anteriores –como, por exemplo, atrair a confiança total do establishment.

Ciro Gomes – sempre citado como herdeiro dos votos da esquerda, o político cearense é o que tem a verve mais afiada entre todos os postulantes ao Planalto (excluído Lula). O Poder360 acha, entretanto, que Ciro resiste a ampliar seu discurso para além da esquerda. Lula só se viabilizou dessa forma, em 2002, quando acenou de maneira substantiva para o centro. Não há sinais de que Ciro pretenda fazer essa transmutação. Com a estratégia atual, pode acabar exatamente onde está: na faixa dos 5% a 10% dos votos.

Geraldo Alckmin – segue como o único nome do, vamos dizer, “centro moderado”. Com Lula fora, a situação do tucano deixa de ser tão desesperadora como a atual. Tome-se a Bahia, por exemplo. Ninguém do DEM (partido do prefeito de Salvador, ACM Neto) queria ver Alckmin nem pintado de ouro. Lula tem mais de 50% de intenção de voto em todos os Estados do Nordeste. Agora, o jogo fica mais equilibrado. O tucano ainda precisa melhorar sua avaliação em São Paulo. Pretende inaugurar obras a granel até o fim de março –inclusive (e finalmente) algumas estações de metrô. O Poder360 acha que Alckmin estará viabilizado se entrar em abril com mais de 10% de intenção de voto para presidente, o que é plausível.

O que pode dar errado para o PSDB?
Duas coisas, ambas intangíveis neste momento. Primeiro, a Lava Jato acabar avançando por terras paulistas e comprometer Alckmin. Segundo, o atual governador de São Paulo e sua notória falta de carisma ficarem empacados na redondeza dos 5% a 7% até a metade do ano. Nessa hipótese, ou o PSDB arruma outro candidato ou Alckmin será “cristianizado”. [bônus sobre jargão político: na eleição presidencial de 1950, Cristiano Machado (1893-1953) foi o candidato do antigo PSD. Todos o abandonaram no meio da campanha. A partir daí, quando 1 partido descarta seu próprio candidato virou costume dizer que o político foi “cristianizado”].

“Outsider” – o possível “nome de fora” fica na mesma sem Lula. O problema de Luciano Huck, Joaquim Barbosa ou outros interessados é achar uma legenda disposta a: 1) tratá-los como reis; 2) costurar todas as alianças com os demais partidos para que a campanha tenha dinheiro e tempo de TV; 3) resolver todos os problemas de chapas regionais nas disputas para governador em 26 Estados e no Distrito Federal. Por fim, esse partido (nesse caso, seria quase uma instituição benemerente) teria de aceitar que Huck, Barbosa ou seja quem for recusasse todas as indicações políticas num eventual governo. Tudo considerado, como se vê, essa saída é mais difícil do que Michel Temer aprovar a reforma da Previdência (que já está morta neste momento).

Os quase “outsiders” – Rodrigo Maia (DEM), Henrique Meirelles (PSD) e outros pontuam 1% ou 2%. Em nenhuma campanha presidencial na atual fase democrática do Brasil algum candidatou entrou em fevereiro com essa pontuação e acabou vencedor. Em política, como se sabe, tudo pode. Mas a vida de Maia, Meirelles e demais não vai ser fácil.

João Doria – o prefeito de São Paulo tem 1 dilema pela frente. O que ele gostaria mesmo é de ser candidato a presidente. Mas essa vaga acabou sendo preenchida pelo seu colega de PSDB, Geraldo Alckmin. Resta a candidatura a governador de São Paulo. Só que esse é 1 desafio também difícil. O quadro só estará claro lá para junho ou julho, no mínimo. Problemaço para Doria: ele precisa se desincompatibilizar até 7 de abril para ficar em condições de ser candidato a outro cargo em outubro.

Há também uma outra guerra interna no PSDB. Alckmin já percebeu que Doria, na primeira curva, pode voltar a querer ser candidato a presidente. Por essa razão o governador de São Paulo fará o possível para dificultar a caminhada do prefeito. A eleição prévia entre os tucanos para escolher o nome do partido para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes deve ser marcada –a mando de Alckmin– apenas em meados de abril ou maio. Doria prefere que seja em março, pois assim teria certeza de que pode deixar a cadeira atual tendo assegurado o apoio do partido. A simples definição dessa data será reveladora sobre o rumo do PSDB (e de Doria).

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Autor

Fernando Rodrigues é o criador do Poder360. Repórter, cobriu todas as eleições presidenciais diretas pós-democratização. Acha que o bom jornalismo é essencial e não morre nunca.
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