27 de junho de 2017

RORAIMA - APÓS POUSAR EM UM RIO, PILOTO MORRE NO RESGATE. CORPO FOI RESGATADO. VEJA VÍDEOS!

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Imagens inéditas mostram piloto que fez pouso forçado na selva amazônica antes de morrer em resgate frustrado

Acidente ocorreu no dia 14 de junho, após avião registrar pane elétrica. Piloto morreu após tentativa de resgate e técnico em enfermagem que estava na aeronave sobreviveu.

Por Inaê Brandão, G1 RR*

Piloto faz pouso de emergência em rio, mas morre em tentativa de resgate

Ednilson e Elcides
Imagens inéditas do caso do avião monomotor que fez um pouso forçado na selva amazônica em Roraima mostram o piloto Elcides Rodrigues Pereira, de 64 anos, o 'Peninha', e o técnico em enfermagem Ednilson Cardoso, de 28 anos, momentos antes do resgate frustado que terminou com a morte do piloto.

No dia 14 de junho, o avião fez um pouso forçado sobre o rio Catrimani, na Terra Indígena Yanomami, após uma pane elétrica. Os dois sobreviveram ao acidente, mas Peninha morreu após uma tentativa de resgate frustrada. O corpo dele foi encontrado três dias após o pouso.

As imagens divulgadas pela família do piloto mostram que ele e o técnico estavam bem. Os dois fizeram as fotos enquanto aguardavam o resgate na margem do rio. As fotos foram feitas pelo próprio Peninha após os dois conseguirem sair do avião.
Peninha e Ednilson logo após conseguirem sair do monomotor na selva amazônica (Foto: Arquivo pessoal)

Em um vídeo o piloto relata que o avião estava preso em um cipó. "Esperamos que ele [avião] não desça. Que agarre em um cipó 'doido' alí, que ele é a indicação da nossa localização", disse Peninha.

Nas imagens é possível observar a densidade da mata onde foi realizada a manobra. Uma selfie de Peninha e Ednilson mostra o pequeno espaço na margem do rio onde eles aguardavam pelo socorro.

Em outras fotos que mostram o avião caído no rio, fica evidente que o rio estava cheio e a força da correnteza do Catrimani sobre o que parece ser uma das asas e o leme do avião (imagem abaixo).
Imagem realizada por Peninha mostra avião afundando no rio Catrimani (Foto: Arquivo pessoal)

Pouso forçado

No dia 14 de junho, Peninha e Ednilson deixaram a capital de Roraima, Boa Vista, às 13h em direção à Terra Indígena Yanomami, no Sul de Roraima, a serviço da Secretaria Estadual de Saúde Indígena (Sesai), para realizar o resgate de uma criança doente na comunidade indígena Marari.

Pouco mais de 1h após a decolagem, a aeronave apresentou pane elétrica e uma das hélices teria parado de funcionar, segundo o relato de Ednilson.

Voando sobre a floresta amazônica fechada, Peninha se viu obrigado a fazer um pouso forçado no rio. Em um vídeo gravado pelo técnico é possível ouvir o piloto informando sobre a medida urgente.

"Estou em cima do rio Catrimani, vou jogar nele" - Elcides Rodrigues

Experiente, o piloto informou momentos antes do impacto à central da Paramazônia Táxi Aéreo, empresa responsável pelo avião, as coordenadas do local onde faria o pouso.

Ednilson contou que o impacto com a água foi forte. "A gente desceu mais ou menos entre 80 e 100 quilômetros. No vídeo parece ser bem menos, mas a gente que estava lá consegue saber a velocidade", contou.

Resgate frustrado

Segundo Ednilson, após o pouso ele e o piloto conseguiram sair de dentro da aeronave e nadar até a margem do rio. Eles chegaram a se alimentar de frutas no local e conversaram sobre o que fariam quando fossem resgate.

Cerca de 1h30 depois da queda, aviões da Paramazônia chegaram ao local, mas não conseguiram pousar na mata. Depois, um helicóptero que também era da empresa, se aproximou de onde estavam o técnico e o piloto e jogaram cordas para que eles subissem.

"Primeiro eu amarrei o Peninha, depois me prendi na corda e começamos a subir. Eu vi que o Peninha estava cansado, muito molhado e fiquei dizendo para ele ficar tranquilo, que iríamos conseguir subir", relatou o técnico em enfermagem ao G1 dois dias após o acidente.

Durante o resgate, no entanto, o piloto não conseguiu entrar no helicóptero, acabou caindo dentro do rio e foi levado pela correnteza, segundo o relato do técnico.

"Tentamos muito puxá-lo para dentro do helicóptero, mas ele estava muito molhado e cansado e por isso acabou caindo dentro do rio. Eu desci e fui atrás dele, mas não o achamos mais. Depois de ter ido procurá-lo e conseguir voltar para o helicóptero, apaguei", relembrou.

Especialista em aviação diz que resgate foi inadequado.

Especialista em aviação, o comandante Miguel Ângelo, afirmou que o resgate não foi realizado da forma adequado.

"Ele [piloto] estava absolutamente tranquilo. Não foi em uma pista bonita, mas foi um pouso controlado. Ele não caiu. Ele fez um pouso controlado. Eles poderiam ter sido resgatados de uma forma correta, adequada. Por profissionais de resgate. Tinha que chamar o resgate ideal" - Miguel Angelo, especialista em aviação

A esposa de Peninha, Valdilene Oliveira, afirmou que se o resgate fosse realizado de forma correta o marido ainda estaria vivo.

"Podia ter passado nos Bombeiros e ter pego um homem, um bombeiro. Ou então ter levado um colete. Ele poderia estar aqui. Se tivessem agido conforme mandam as normas da ANAC o meu marido estaria aqui".

Por telefone Arthur Nogueira Neto, proprietário da Paramazônia disse à reportagem que não ia se pronunciar sobre o assunto.

*Com informações da Rede Amazônica Roraima
Família de Peninha conseguiu recuperar as imagens feitas no celular do piloto (Foto: Arquivo pessoal)

Sobrevivente relata como foi pouso forçado de monomotor em rio no meio da selva amazônica, em RR: 
'Nasci de novo'

Na quarta (14), avião de pequeno porte teve pane elétrica e fez o pouso forçado. Bombeiros buscam por piloto que está desaparecido: 'Temos esperanças de que ele seja achado com vida', diz filha.

Por Emily Costa, G1 RR
Técnico em enfermagem Ednilson Cardoso, de 28 anos, estava em monomotor que fez pouso forçado em rio na tarde de quarta (Foto: Emily Costa/G1 RR)

"Eu nasci de novo", é assim que o técnico em enfermagem Ednilson Cardoso, de 28 anos, resumiu nesta sexta-feira (16) o que sentiu por ter sobrevivido só com alguns arranhões ao acidente aéreo com um monomotor na Terra Indígena Yanomami, em Roraima.

Na tarde de quarta-feira (14), após pane elétrica o avião em que ele estava fez pouso forçado dentro do rio Catrimani, em uma região de selva amazônica, no Sul de Roraima, durante missão pela Secretaria Estadual de Saúde Indígena (Sesai).

Na aeronave estavam o técnico em enfermagem, que foi resgatado pela empresa proprietária do avião mais de uma hora após o pouso, e o piloto Elcides Rodrigues Pereira, de 64 anos, conhecido como 'Peninha', que sobreviveu ao acidente, mas está desaparecido na região e é procurado pelo Corpo de Bombeiros.

O G1 entrou em contato com a empresa Paramazônia Táxi Aéreo, proprietária do avião, mas ainda não obteve retorno. Por telefone, a assessoria do Ministério da Saúde, responsável pela Sesai, disse que foi informada do acidente e acompanha o caso.

De acordo com o técnico em enfermagem, ele e o piloto saíram de Boa Vista às 13h de quarta para resgatar uma criança doente na comunidade indígena Marari, na Terra Yanomami.

Pouco mais de 1h após a decolagem, a aeronave apresentou pane elétrica e uma das hélices teria parado de funcionar.

"Quando notamos o problema, o Peninha fez contato com a central [da empresa responsável pelo avião] e passou as coordenadas de onde estávamos. Em seguida, começamos a procurar um local para pousar, mas foi difícil porque lá a mata é muito fechada. Então só achamos o rio para fazer o pouso".

Segundo Cardoso, o impacto do pouso na água foi grande. "Foi um pouso forçado, mas também foi uma queda, porque caímos dentro do rio e o avião afundou na água", relata.

O técnico em enfermagem disse que ele e o piloto conseguiram sair de dentro da aeronave logo depois da queda e nadaram até a margem do rio. "Eu empurrei a janela e saímos de dentro do avião. Depois, fomos até a margem e vimos o monomotor na água".

Em seguida, os dois foram à margem do rio onde chegaram a limpar a mata para que fossem vistos pelo resgate.

"Comemos algumas frutas e começamos a nos preparar até para pernoitar no local. Nesse momento, conversamos sobre o que faríamos quando fossemos resgatados e voltássemos para casa", relembra.

Após ser resgatado, Cardoso chegou a Boa Vista por volta das 19h30. Ele teve apenas escoriações leves nos braços, mas mesmo assim recebeu atendimento médico no Hospital Geral de Roraima.

"Eu nasci de novo. Agradeço a Deus por estar vivo e não descarto de forma alguma a hipótese do Peninha [piloto do avião] também estar vivo. Queria ter voltado para casa com ele". Ednilson Cardoso, 28 anos.

Sobre o resgate do técnico ter sido feito pela própria empresa. O comandante do Corpo de Bombeiros de Roraima, coronel Doriedson Ribeiro, afirmou que em casos como esse o procedimento correto é acionar o Corpo de Bombeiros para fazer as buscas.

“Tem que acionar o Corpo de Bombeiros para que possa auxiliar nesse tipo de busca, até porque temos aqui militares especialistas em busca aeronáutica, na mata e em mergulhos. Então, o interessante é que se chame a corporação para que se faça esse tipo de procedimento”.

Segundo o coronel, desde a quinta pela manhã, os bombeiros buscam pelo piloto na região onde ocorreu o pouso forçado, mas ainda não há informações sobre o paradeiro dele.

'Temos esperança de que ele seja achado com vida', diz filha de piloto.

Piloto Elcides está desaparecido desde a quarta-feira na Terra Indígena Yanomami (Foto: Arquivo pessoal)

Esperando notícias do pai, uma das cinco filhas de Elcides Pereira diz que tem muita esperança que o piloto seja encontrado com vida e bem. Ela pediu para não ter o nome divulgado.

De acordo a familiar, o piloto já tem anos de experiência, trabalha há cinco anos na empresa Paramazônia e 'ama voar'.

"Nós temos muita esperança de que ele seja achado com vida, que volte para casa. Ele sabe o quanto o amamos", disse.

Veja o resgate do corpo do piloto.

Achado corpo de piloto que sumiu após pouso forçado em rio na Terra Yanomami, em Roraima

De acordo com coronel Doriedson Ribeiro, comandante dos Bombeiros, o corpo de Elcides Rodrigues foi achado por volta das 10h deste sábado a cerca seis quilômetros do local onde o avião fez o pouso e perto da margem do rio.

O corpo foi retirado da região e transportado para Boa Vista de avião, onde chegou às 16h20, e depois levado ao Instituto Médico Legal (IML). A família de Elcides Pereira já foi informada, segundo Ribeiro.

O comandante do Corpo de Bombeiros disse ainda que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) foi acionado para investigar as causas do acidente.

"O Cenipa esteve na região para averiguar as circustâncias do acidente", informou Ribeiro. A aeronave ainda está no local.

Ao G1, o dono da Paramazônia Táxi Aéreo, Arthur Neto, informou que presta solidariedade aos familiares do piloto. A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde, responsável pela Sesai, e aguarda retorno.

Corpo foi transportado de avião para Boa Vista por volta das 16h (Foto: Divulgação/Secom )
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