14 de abril de 2017

PARÁ - JATENE TAMBÉM ESTÁ NA LAVA-JATO!

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Odebrecht: grupo irrigou campanha de Simão Jatene




Simão Jatene foi beneficiado pelo empresário Marcelo Odebrecht. (Foto: Bruno Carachesti/Arquivo)

O Grupo Odebrecht doou mais de R$ 650 mil para a campanha eleitoral do governador Simão Jatene, em 2014. Esse é apenas o valor declarado à Justiça Eleitoral, mas as suspeitas de caixa 2 permanecem. Para o PSDB no Pará, foram R$ 2,8 milhões de doações naquele ano eleitoral. 

Até chegar ao caixa dos tucanos paraenses, porém, o dinheiro percorreu um longo caminho: ele foi doado pelo poderoso grupo Odebrecht à Direção Nacional do PSDB, que, por sua vez, o repassou à Direção Estadual e ao Comitê Financeiro Único (CFU) do partido no Pará.

Só depois, chegou aos destinatários finais: o governador Simão Jatene e candidatos ao Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa do PSDB. As informações foram extraídas pelo DIÁRIO dos sites do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), da Receita Federal e da própria Odebrecht.

TUCANOS
As doações eleitorais aos tucanos paraenses foram efetuadas por quatro empresas do Grupo Odebrecht: a construtora Norberto Odebrecht, a Odebrechet Óleo e Gás, a Braskem e a Hangar Empresarial Empreendimentos Imobiliários. Isso não descarta, no entanto, a possibilidade de doações de outras empresas do grupo. O problema é que é preciso abrir as constituições societárias de cada doadora de campanha do PSDB paraense, para se chegar a tais ligações.

SÓCIOS
A Hangar, por exemplo, cuja sede fica na Bahia, aparentemente não tem nada a ver com a Odebrecht. Mas o DIÁRIO constatou, na Receita Federal, que a firma tem como sócios administradores as empresas Odebrecht Realizações Imobiliárias e a Betria Empreendimentos Imobiliários. 

Ambas funcionam no mesmo endereço (rua Lemos Monteiro, 120, andar 18, em São Paulo), têm os mesmos telefones e endereço eletrônico. Até o presidente das duas empresas é o mesmo: Paul Elie Altit. Detalhe: os telefones da Hangar, que estaria sediada em Salvador, são de São Paulo e pertencem às suas sócias administradoras.

SEM TRANSPARÊNCIA
Outro grave problema é a falta de transparência das contas do PSDB paraense. Até 2010 a identificação da origem do dinheiro das campanhas do governador Simão Jatene era um verdadeiro mistério.

Todas as doações eram realizadas para Jatene por meio do Comitê Financeiro Único (CFU) e do Diretório Estadual do PSDB.

Em 2014, no entanto, a Justiça Eleitoral determinou a identificação de quem fez, originalmente, as doações para os candidatos. Graças a isso, foi possível conhecer os valores da Odebrecht que entraram nas contas de Jatene e seus aliados.

DELAÇÃO: “Todo lugar onde a gente tinha uma relação teve caixa 2”

Nos seus depoimentos gravados aos investigadores da Operação Lava Jato, o empresário Marcelo Odebrecht disse que todos os políticos usam recursos de caixa 2 para financiarem suas campanhas. Em um dos vídeos divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Marcelo disse que está mentindo o político que afirma não ter recebido valores não contabilizados em campanhas eleitorais.

“Eu não conheço nenhum político no Brasil que tenha conseguido fazer qualquer eleição sem caixa 2. O cara pode até dizer que não sabia, mas recebeu dinheiro do partido que era caixa 2. O político que disser que não recebeu caixa 2 está mentindo”, afirmou o delator.

“Todo lugar onde a gente tinha uma relação forte ou uma presença forte com certeza teve caixa 2”, disse no depoimento que integra o inquérito que vai investigar o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Em outro caso, a Polícia Federal já prendeu o filho de Jatene

Beto Jatene foi um dos alvos de uma operação em curso da Polícia Federal. (Foto: reprodução/RBATV)

Em outro caso envolvendo a família Jatene, Beto Jatene, filho do governador, foi alvo da Operação Timóteo, deflagrada em dezembro passado em 11 Estados brasileiros, incluindo o Pará e o Distrito Federal. Beto, que teria se beneficiado com R$ 750 mil em esquema, se entregou na sede da Polícia Federal (PF), em Belém, por volta das 17h do dia 16 de dezembro, entrando pelos fundos do prédio do órgão.

A PF investigou um esquema de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral, isto é, 65% da chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) que tem como destino os municípios.

INVESTIGAÇÃO
O advogado Roberto Lauria disse que o filho do governador Simão Jatene não tinha participação no esquema. Beto Jatene acabou ficando preso por apenas 48 horas no Comando do Corpo de Bombeiros, cercado de regalias, após o Tribunal Regional Federal (TRF-1) aceitar pedido de habeas corpus da defesa.

O caso de Beto Jatene na Operação Timóteo está sendo investigado pelo STJ, que já abriu inquérito e, juntamente com o Ministério Público Federal, está dando prosseguimento às investigações. O caso corre em segredo de Justiça.

(Diário do Pará)
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