3 de março de 2016

CASO LULA - DELCÍDIO, EM DELAÇÃO PREMIADA, ACUSA LULA E DILMA

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Delcídio faz acordo de delação premiada e acusa Dilma de interferir na Lava Jato


POR ANDREZA MATAIS, VERA ROSA E FAUSTO MACEDO







Segundo revista 'IstoÉ', senador apontou tentativa de Dilma de interferir na Lava Jato via STJ e disse que Lula ordenou acordo com Cerveró

Delcídio do Amaral. Foto: Alex Silva/Estadão
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) fez acordo de delação premiada perante o grupo de trabalho da Procuradoria-Geral da República na Operação Lava Jato. Ele citou vários nomes, entre eles o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e detalhou os bastidores da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás, entre outros assuntos. As primeiras revelações do ex-líder do governo fazem parte de um documento preliminar da colaboração.

Após vir à tona a revelação da delação, a presidente Dilma Rousseff mudou sua agenda e convocou os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e o agora ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo para definir qual será a reação do governo.

Nesta fase, o delator indica temas e nomes que pretende citar em seus futuros depoimentos após a homologação do acordo. Delcídio foi preso no dia 25 de novembro do ano passado acusado de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato e solto no dia 19 de fevereiro. Desde que saiu da prisão, Delcídio nega ter feito delação premiada.

A revista IstoÉ divulgou os detalhes da delação de Delcídio que teria 400 páginas e trechos do depoimento. O senador acusou a presidente Dilma Rousseff de atuar três vezes para interferir na Operação Lava Jato por meio do Judiciário. “É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de promover a soltura de réus presos na operação”, afirmou Delcídio na delação, segundo a revista.

André Dusek/EstadãoDelcídio Amaral>



Natural de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, Delcídio Amaral se formou engenheiro eletricista pela Escola de Engenharia de Mauá, e participou da construção e montagem da Usina de Tucuruí, no Pará, obra que durou de 1976 a 1984. Depois de passagem pela Shell, na Europa, foi diretor da Eletrosul em 1991, estatal responsável pelo planejamento energético da região sul. Foi ministro de Minas e Energia do governo Itamar Franco, de setembro de 1994 a janeiro de 1995

Cardozo deixou esta semana o ministério alegando sofrer pressões do PT para interferir na Lava Jato. Ele foi nomeado por Dilma para a Advocacia Geral da União (AGU).

Uma das investidas da presidente Dilma passou pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Tal nomeação seria relevante para o governo”, pois o nomeado cuidaria dos “habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ”, informou a IstoÉ. Delcídio contou aos procuradores que a estratégia foi discutida com Dilma no Palácio da Alvorada, residência oficial dos presidentes da República, e que sua tarefa era conversar “com o desembargador Marcelo Navarro, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo”, da Andrade Gutierrez. Conforme a IstoÉ, o senador se reuniu com Navarro no Palácio do Planalto, no andar térreo, em uma pequena sala de espera. Fato que poderia ser comprovado pelas câmeras de segurança. No STJ, Navarro votou a favor da soltura dos empresários, mas foi voto vencido.

De acordo com a Istoé, Delcídio afirmou que um dos temas que “mais aflige” o ex-presidente Lula é a CPI do Carf, que apura a compra de Medidas Provisórias durante o governo do petista para favorecer montadoras e o envolvimento do seu filho, Luiz Claudio, no esquema.

Como revelou o Estado em outubro de 2015, uma das empresas de Luiz Cláudio, a LFT Marketing Esportivo, recebeu pagamentos de Mauro Marcondes, um dos lobistas investigados por negociar a edição e aprovação da MP 471 durante o governo Lula. A norma prorrogou incentivos fiscais para o setor automotivo. Luis Cláudio, que também é dono da empresa Touchdown, confirma o recebimento de R$ 2,4 milhões.

Delcídio teria dito, segundo a revista, que “por várias vezes Lula solicitou a ele que agisse para evitar a convocação do casal Mauro Marcondes e Cristina Mautoni para depor”. Mauro e Cristina são sócios e estão presos preventivamente.

Mauro Marcondes e o petista têm uma ligação que remonta à década de 1980, quando um era executivo de montadora e o outro sindicalista no ABC. Segundo a revista, Delcídio disse aos procuradores da Lava Jato: “Lula estava preocupado com as implicações à sua própria família, especialmente os filhos Fábio Luís e Luis Cláudio”, fato confirmado a ele por Maurício Bumlai, filho do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula e preso na Lava Jato.

Outros pontos da delação revelados pela IstoÉ:

Dilma
Três supostas tentativas de Dilma Rousseff de interferir na Lava Jato. Segundo a IstoÉ, Delcídio afirmou na delação que um encontro entre a presidente Dilma Rousseff, o então ministro José Eduardo Cardozo e o presidente do STF, Ricardo Levandowski na cidade do Porto, em Portugal, em 07/07/2015 , teve como tema “a mudança nos rumos da Lava Jato. Contudo, a reunião foi uma fracasso, em função do posicionamento retilíneo do ministro Lavandowski, ao afirmar que não se envolveria.”A segunda tentativa envolveria indicar para uma das vagas no STJ o presidente do TJ de Santa Catarina, Nelson Schaefer. Em contrapartida, o ministro convocado para o TJ votaria pela libertação dos acusados Marcelo Odebrecht e Otavio Azevedo. “A investida foi em vão porque Trisotto se negou a assumir tal responsabilidade espúria. Mais um fracasso de José Eduardo em conseguir uma nomeação”, contou a IstoÉ. A terceira tentativa foi a nomeação de Marcelo Navarro para o STJ.

Pasadena
A presidente Dilma Rousseff tinha conhecimento das irregularidades envolvendo a compra da refinaria nos Estados Unidos: “Dilma Rousseff, como então presidente do Conselho de Administração da Petrobras, tinha pleno conhecimento de todo o processo de aquisição da Refinaria de Pasadena e de tudo o que esse encerrava. A alegação de Dilma de que ignorava o expediente habitualmente utilizado em contratos desse tipo, alegando desconhecimento de cláusula como put option, absolutamente convencional, é, no mínimo, questionável. Da mesma forma, discutir um revamp de refinaria que nunca ocorreu, é inadmissível. A tramitação do processo de aquisição de Pasadena durou um dia entre a reunião da Diretoria Executiva e o Conselho de Administração. Delcídio esclarece que a aquisição de Pasadena foi feita com o conhecimento de todos. Sem exceção”.

Lula
Partiu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ordem para que Delcídio tentasse convencer Nestor Cerveró, preso na Lava Jato, a não implicar José Carlos Bumlai numa eventual delação premiada. Delcídio foi preso ao ser gravado pelo filho de Cerveró prometendo atuar junto a ministros para interferir na Lava Jato. “No caso, Delcídio intermediaria o pagamento de valores à família de Cerveró”. Segundo a IstoÉ, os R$ 50 mil entregues pelo senador ao advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, saíram do bolso do empresário Maurício Bumlai. No total, foram R$ 250 mil. A IstoÉ diz que a revelação pode indicar que o ex-presidente Lula tentou interferir na Lava Jato, mesmo motivo que levou a prisão de Delcídio.

Mensalão
Segundo a IstoÉ, Delcídio também contou aos procuradores que em 2006, Lula e o ex-ministro Antonio Palocci compraram o silêncio do empresário Marcos Valério sobre o esquema do mensalão. O valor prometido foi R$ 250 mil para sanar uma dívida. Valério não teria recebido toda quantia, mas se manteve calado sobre o esquema de compra de apoio político no governo Lula. O senador também mencionou, segundo a revista, ter testemunhado na madrugada do dia 5 de abril de 2006 as “tratativas ilícitas para retirada do relatório da CPI dos Correios (que investigou o mensalão) dos nomes de Lula e do filho Fábio Luís Lula da Silva em um acordão com a oposição”. Delcídio foi o presidente da CPI. E citou que a CPI dos Bingos, que funcionou concomitantemente a do mensalão, foi encerrada quando “o governo percebeu que as várias quebras de sigilo levariam à campanha Dilma 2010.” Ele afirmou, conforme a revista, que “orientados pelo tesoureiro de campanha de Dilma, José Di Filippi, os empresários faziam contratos de serviços com as empresas de Adir Assad, um dos alvos da CPI, que repassava recursos para as campanhas eleitorais”.
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AboutAnônimo

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12 comentários:

Anônimo disse...

Delcidio acabo de desmenti a delegação. Falou que a revista postou inverdades.

Anônimo disse...

Em nota, Delcídio não confirma conteúdo de reportagem que cita delação

Do UOL, em Brasília 03/03/2016 - 16h46 > Atualizada 03/03/2016 - 17h24

Unknown disse...

ACHO EXTREMAMENTE IMPROVÁVEL QUE UMA REVISTA TENHA INVENTADO TUDO ISSO, POIS SE ALGUÉM PODERIA DESMENTIR A REVISTA, SERIA O MINISTÉRIO PÚBLICO, QUE SERVE DE FONTE PARA A REPORTAGEM!

Anônimo disse...

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Em respeito ao povo brasileiro e ao interesse público, o Senado Delcídio Amaral e a sua defesa vêm se manifestar sobre a matéria publicada na Revista IstoÉ na data de hoje. À partida, nem o Senador Delcídio, nem a sua defesa confirmam o conteúdo da matéria assinada pela jornalista Débora Bergamasco. Não conhecemos a origem, tampouco reconhecemos a autenticidade dos documentos que vão acostados ao texto. Esclarecemos que em momento algum, nem antes, nem depois da matéria, fomos contatados pela referida jornalista para nos manifestarmos sobre fidedignidade dos fatos relatados. Por fim, o Senador Delcídio Amaral reitera o seu respeito e o seu comprometimento com o Senado da República.

SENADOR DELCÍDIO AMARAL
ANTONIO AUGUSTO FIGUEIREDO BASTO

Anônimo disse...

Norton tu acredita em coelhinho da Páscoa e de papai noel . Já que confias nas reportagem de veja e istoé. TuTa de brincadeira.

Anônimo disse...

O Janot também desmentiu a delação de Delcidio.

Unknown disse...

Não é questão de acreditar na revista, mas no fato de que esta mencionou o MP, além de que a cúpula do PT se manifestou acerca dessa provável delação, inclusive desqualificando Delcídio, que já foi líder do PT no senado!!

Unknown disse...

Vale ressaltar que quem está 'abrindo' o bico são petistas de grosso calibre. Ou seja, gente de dentro do PT está contando o que sabe, com medo de ficarem presas por longo tempo!

Anônimo disse...

Hoje estava na sala de espera de uma clinica e aproveitei pra uma revista VEJA,mesmo sendo antiga acabei folheando e achei uma nota da VEJA se justificando porque não colocou nada na revista quando o ex governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, que foi condenado com mais de 20 anos de prisão por desvio de mais de 3 milhões durante sua campanha de reeleição, e o jornalista acabou citando vários crimes cometidos pelo PT durante a nota, como se os crimes do PT justificasse os crimes cometido por políticos de outros partidos, crime é crime independe do valor ou de quem tenha cometido. Não acho que o Lula e o PT sejam inocentes das acusações que lhes são feitas, mas achar que a corrupção vai acabar com a prisão de Lula ou o impeachment da Dilma, é muita ingenuidade.

Anônimo disse...

O Delcidio e ex psdb. Tudo armado

Anônimo disse...

Nossa! Na entrevista não há NADA, ABSOLUTAMENTE NADA que justificasse a condução coercitiva abusiva que a Lava Jato fez.

A fala do promotor foi um desastre, dizer que se baseou em noticias de jornais, que um dos indícios é que as empresas pagavam mais pelas palestras do Lula do que pelas palestras do FHC (hahahaha), assim como pagam mais para determinado artista e menos para outro em suas peças publicitárias (que argumento ridículo) e ainda citou os "pedalinhos".

E, disse que o conduziu coercitivamente para protegê-lo. Seria cômico se não fosse trágico. Aliás, o que ele acha dos demais presidentes que levaram os pertences PESSOAIS que ganharam durante seus anos de governo e também puderam levá-los, como fez o FHC, bem se ele está "nervosinho", porque as palestras do FHC eram menos valorizadas, dá para imaginar o nível de politização dessa operação. E tudo, ABSOLUTAMENTE TUDO, do que ele falou foi na base do "pode ser", "talvez", nada, ABSOLUTAMENTE NADA DE CONCRETO.

Só sendo muito trouxa para não ver que tudo foi feito para criar um enorme circo para ver se ajudam nas manifestações do dia 13 que estavam sem adesão.

Ah! É legal é obrigatório que os presidentes levem os presentes pessoais que ganharam durante seus mandados. A própria Globo reconheceu isso através da Revista época que lhe pertence:

"Uma lei criada pelo ex-presidente José Sarney determina que, embora os acervos de presentes e cartas do presidente sejam privados, eles são de interesse público. É obrigação do ex-presidente encontrar formas de abri-los à visitação. Para criar a lei, Sarney se inspirou nas bibliotecas presidenciais americanas, depositárias dos presentes, cartas e documentos recebidos pelos mandatários americanos desde que o republicano Herbert Hoover governou o país, entre 1929 e 1933. “Essas bibliotecas americanas permitem reconstituir a história de todos os períodos de governo”, diz o ex-presidente José Sarney. “Foi nisso que me inspirei para criar as leis brasileiras. Então, se você quiser falar mal de mim, não precisa sair procurando em museus. A Fundação José Sarney tem toda a documentação.”

E ainda na mesma edição eles explicam que FHC levou NOVE CAMINHÕES de presentes, que fazem parte do seu acervo particular, mas claro o IMPARCIAL promotor da LAVA JATO, deve achar que no caso do FHC, pode..., veja a parte da mesma reportagem que cita A QUANTIDADE DE CAMINHÕES QUE FHC LEVOU QUANDO DEIXOU O PLANALTO (claro os coxinhas só querem falar do que o Lula levou, fazer o que se Lula sempre foi muito mais respeitado no mundo todo que o FHC e que por isso ganhou mais presentes que o FHC, não muda o fato é legal e obrigatório que eles levem esses pertences para desocupar o planalto quando deixam o mandado para deixar a área livre para o presidente que foi eleito possa usar).

Anônimo disse...

A primeira crítica contundente do Supremo Tribunal Federal à ação do juiz Sérgio Moro contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dentro da 24ª fase da operação Lava Jato veio do ministro Marco Aurélio Mello. 

"Condução coercitiva? O que é isso? Eu não compreendi. Só se conduz coercitivamente, ou, como se dizia antigamente, debaixo de vara, o cidadão de resiste e não comparece para depor. E o Lula não foi intimado", afirmou Mello, segundo a colunista Mônica Bergamo.

Marco Aurélio diz que é preciso "colocar os pingos nos 'is'". "Vamos consertar o Brasil. Mas não vamos atropelar. O atropelamento não conduz a coisa alguma. Só gera incerteza jurídica para todos os cidadãos. Amanhã constroem um paredão na praça dos Três Poderes", afirmou.

O magistrado criticou também o argumento utilizado por Moro para embasar a condução coercitiva de Lula, de que a medida seria para a própria segurança do ex-presidente. "Será que ele [Lula] queria essa proteção? Eu acredito que na verdade esse argumento foi dado para justificar um ato de força", segue o magistrado. "Isso implica em retrocesso, e não em avanço."

O ministro do STF disse que o juiz Sérgio Moro "estabelece o critério dele, de plantão", o que seria um risco. "Nós, magistrados, não somos legisladores, não somos justiceiros". E ensina: "Não se avança atropelando regras básicas".