2 de novembro de 2015

BRASILEIRO ADULTO NÃO SABE MATEMÁTICA BÁSICA

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Adultos não sabem matemática básica, segundo pesquisa

PAULO SALDAÑA - O ESTADO DE S. PAULO

Levantamento em 25 cidades do País mostra que 75% não sabem médias simples e 63% não resolvem porcentuais

NOTA DO BLOG: No meu ponto de vista, ficou faltando mencionar nessa pesquisa a preocupação da maioria de nossos professores em querer formar "cidadãos transformadores e conscientes de seu papel na sociedade.." mas sem saber as noções básicas de matemática e nem interpretação de texto. Professor é pago para ensinar, não para propagar ideias bizarras aos alunos; professor é pago para transmitir conhecimento aos alunos, e não para fazer propaganda política em sala de aula. O resultado de todo esse descaso pedagógico, é o Brasil sempre posicionado, em todas as pesquisas, como um país quintomundista, sem qualquer relevância científica. 

SÃO PAULO - A matemática não é desafio só para quem está na escola. Pesquisa realizada em 25 cidades brasileiras com adultos de mais de 25 anos mostra que a maioria não sabe fazer operações matemáticas simples: 75% não sabem médias simples, 63% não conseguem responder a perguntas sobre porcentuais e 75% não entendem frações, entre outros resultados dramáticos.


Em avaliações similares em países ricos, o resultado é em média quatro vezes melhor. O estudo ainda aborda a rejeição que o tema provoca. A matéria mais detestada foi matemática, com 43% das respostas. A memória que os adultos têm do assunto é até pior: 65% dizem não ter tido facilidade com a disciplina na escola.

Segundo o coordenador do estudo, Flavio Comim, docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professor visitante de Cambridge, no Reino Unido, os dados reafirmam os diagnósticos de que o ensino de matemática tem falhas. “Essas deficiências acarretam impactos econômicos e sociais”, diz ele. “Uma sociedade que sabe pouco de matemática é pouco competitiva, como mostra a comparação internacional. Também mexe muito com a sobrevivência das pessoas, porque define o que você compra, se fará um financiamento”, afirma. Outro resultado do levantamento indica que 69% não sabem fazer contas com taxas de juros.


Tecnologias viram aliadas no dia a dia para os vendedores Bruno Costa e Bruno Singer
O estudo foi encomendado pelo Instituto Círculo da Matemática do Brasil, iniciativa da TIM, e 2.632 pessoas foram ouvidas, com idade média de pouco mais de 40 anos. A amostra não foi organizada por renda, mas pelo número médio de anos de estudo, que ficou em torno de 8,3 anos de escolaridade. 

Perfis. Há diferenças quando se olha para quem estudou mais ou menos. Enquanto 28% dos adultos com mais de 15 anos de estudo não sabem fazer regra de três, o índice é de 71% entre quem tem até 8 anos de escola.

No geral, 60% das pessoas tinham matemática entre as disciplinas que não gostavam na escola. Para Katia Stocco Smole, diretora do grupo Mathema, de formação e pesquisa em ensino de matemática, o dado não surpreende, “mas incomoda bastante”. “As pessoas não gostam porque nunca fez sentido para elas. A escola não ensinou a entender o sentido desses conceitos básicos. Quando aprendem, gostam.”

Segundo dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2013, apenas 9,3% dos jovens terminam o ensino médio com o nível adequado na disciplina. Além das falhas na escola, a visão das crianças acaba também influenciada pela ojeriza dos adultos. “Tem um efeito intergeracional e essa aversão vai passando de pai para filho”, diz Flavio Comim.

O representante de vendas Bruno Singer, de 36 anos, diz usar com certa facilidade os conceitos básicos da matemática no trabalho, mas recorre à calculadora nas tarefas mais complexas. “Tenho a impressão de que muito do que estudei na escola eu não uso no dia a dia”, diz ele, formado em Administração. O estudo mostra que 89% das pessoas dizem que nem sequer usam a matemática no dia a dia.

Para o também vendedor Bruno Costa, de 28, a tecnologia ajuda. “No trabalho, as projeções chegam prontas. Mas tem de saber fazer a leitura daquilo”, diz.

Trauma. Ao saber do tema da conversa, a enfermeira Simone Pavani, de 48 anos, já titubeia. “Sempre foi a disciplina que tive de me esforçar mais. Às vezes estou fazendo uma compra e tem um desconto de 10%. Fico me perguntando ‘será que foi isso mesmo?’”, comenta, rindo. “No trabalho me viro bem, mas percebo colegas mais novos com dificuldades.”

Coordenador-geral da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), Claudio Landim diz perceber uma lacuna na formação dos professores, mas é mais otimista com as novas gerações. “Nós vivemos em um mundo cada vez mais tecnológico e a matemática está por trás dos programas, do aplicativo de celular. Isso tem despertado interesse cada vez maior”, diz Landim, que é diretor adjunto do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa). “Há uma melhora, mas não será da noite para o dia.”
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