Nos meus quase 50 anos e o que já presenciei, dão-me crédito para opinar acerca dessas manifestações contra o PT e seus asseclas, além de minha origem e formação política, posto que nascido, criado e politizado dentro do MDB, com minha mãe vereadora duas vezes e deputada estadual pelo MDB, partido que abrigou várias tendências políticas que lutavam contra o regime civil-militar que imperou no Brasil até 1985.
Então, vamos lá!
No ano de 2013, entre junho e julho, o Brasil viu um grande movimento social que contagiou todo o país e desencadeado por causa de um aumento de R$0,20 na passagem de ônibus; muitos se aproveitaram para criar um clima de 'guerra civil' e as autoridades políticas constituídas (leia-se petistas) ficaram com medo do que viria nas eleições de 2014 em consequência desses atos.
Esse movimento também protestou contra a corrupção política, os gastos públicos exorbitantes, os problemas salariais e estruturais. Foi um movimento espontâneo não absorvido pela oposição que, mais uma vez nesse período petista, perdeu o trem da História, como também perdeu na época da divulgação do Mensalão.
Não se sabe se a oposição, leia-se PSDB, tinha medo de um recrudescimento daquelas manifestações, ou esperava que a mudança ocorresse nas eleições de 2014. Nenhuma e nem outra ocorreu!
Mas todos tinham conhecimento do que ocorria nas entranhas do poder em Brasília/DF, culminado com o escândalo do Mensalão que puniu severamente a quem tinha menos poder dentro do esquema. Agora, fica a pergunta. Aonde estavam os manifestantes de 2013 no dia da eleição de 2014?
Hoje tudo que passamos não é culpa do PT, mas do PSDB que não soube, não sabe e, pelo andar do andor, nunca saberá desempenhar seu papel de oposição, pois tem medo de questionar, tem medo de criar um futuro incerto, que já nos é mostrado pelo próprio PT.
É culpa do PSDB toda essa situação, pois 'avalizou' as palavras de Dilma sobre inflação controlada; 'avalizou' a demora da reforma política, além de não ter dado a devida publicidade às centenas de escândalos petistas!
Nas eleições de 2014 fiz a minha parte! divulguei na capa de meu Facebook a imagem do meu candidato Aécio Neves, fiz campanha para os candidatos que acreditei que seriam melhor para nosso país e, se muitos dos que estão hoje na rua tivessem feito a sua parte, ter votado validamente, estaríamos vivendo um novo momento, uma nova História escrita por homens e mulheres de coragem. Mas preferiram a ociosidade nesse dia!
Não é golpe a manifestação de hoje como muitos petistas querem fazer crer, pois já usaram dos mesmos expedientes, assim como nunca é tarde para se levantar e clamar por um país mais justo. Por isso não concordo com a desocupada senhora chamada Marina Silva dizer que a corrupção é problema de todos. Uma ova! Não roubei a Petrobrás, a Brasilnet, os Correios, a Cooperativa dos Servidores de São Paulo, além de outros roubos menores feitos pelos petistas. A ela sim, pode-se imputar responsabilidade por omissão, como no presente caso, quando ela, Marina Silva, está falando do Brasil para estudantes norte-americanos quando deveria estar no Brasil participando desse movimento.
Participei em 1982 aquando da eleição de Jáder Barbalho para governador do Pará, das comemorações que à época o governo civil-militar entendia como afronta. Participei da manifestação dos caras-pintadas (O Collor voltou pelas mãos do Lula!), participei do movimento pelas Diretas-Já! E que mudou nesse período? Nada.
E nada mudará enquanto o Executivo nomear Juízes para nossas Cortes; nada mudará enquanto houver essa conveniência entre executivo e legislativo; nada mudará enquanto os representantes do povo representarem os governantes; nada mudará enquanto os representantes do povo barganharem cargos políticos; nada mudará enquanto menor de 18 anos votar; nada mudará enquanto o eleitor não mudar e tornar-se um leitor da realidade que o cerca e comprime!
Mais eu mudei e há muito tempo. Por isso fiquei em casa curtindo a família e à espera da doce chuva que teimava em não cair neste domingo!
Abaixo, pequeno texto para reflexão:
O Brasil, conforme lembra Bonavides (2001, p. 266), escolheu a democracia como forma de governo, e adota o sistema representativo de gestão. Através dele, lembra Quintão (2001), há uma autorização outorgada pelo povo a um órgão soberano, institucionalmente legitimado pela constituição, para agir autonomamente em nome do povo e dos interesses deste.
O ideal é de que o sistema representativo pudesse corresponder aos anseios da população, pois como bem lembra Quintão: “[...] tal sistema deve criar condições institucionais para viabilizar a cidadania plena e coletiva (2001, p. 319). Porém, a realidade trazida à tona com a recente onda de manifestações evidencia a necessidade de reflexão sobre os rumos que o modelo tem tomado no Brasil.
Bonavides aponta através de estudos realizados em sua obra, por um tormentoso problema de identidade no sistema representativo, pois acaba muitas vezes, voltando-se para a defesa de interesses de determinadas classes e vontades pessoais. Para o autor (2001, p. 217-218):
"Não fala a vontade popular, não falam os cidadãos soberanos de Rousseau; fala, sim, a vontade dos grupos, falam seus interesses, falam suas reivindicações. Com a presença inarredável dos grupos, o antigo sistema representativo padeceu severo e profundo golpe. Golpe que fere de morte também o coração dos sentimentos democráticos, volvidos para o anseio de uma “vontade geral”, cada vez mais distante e fugaz. [...] o princípio da - “identidade”‘, tão caro à doutrina democrática, foi “instrumentalizado”- aqui com máxima eficácia- para colher vivos e sem deformações os interesses prevalentes dos grupos que estão governando a chamada sociedade de massas e lhe negam a vocação democrática. O termo representação passou pois por aquela “depravação ideológica” a que se refere Hans J. Wolff e o sistema representativo culmina logicamente numa depreciação progressiva da independência do representante, cada vez mais “comissário”, cada vez menos “representante”.
[...] os conflitos freqüentes e profundos tornaram o processo legislativo demasiado lento e tecnicamente imperfeito, pela necessidade de acordos e transigências sempre que se debate um assunto relevante. E à vista disso tudo, vários autores e muitos líderes concluíram que a falha está no povo, que é incapaz de compreender os problemas do Estado e de escolher bons governantes. Esse é um dos impasses a que chegou o Estado Democrático: a participação do povo é tida como inconveniente, e a exclusão do povo é obviamente antidemocrática.(2002, p. 301).
Leia mais: http://jus.com.br/artigos/29956/um-ano-das-manifestacoes-populares-de-junho-de-2013#ixzz3UVukBpkv